
Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil
Ano 2 - Outubro de 2025

ENTREVISTA EXCLUSIVA
Tadeu Franco lança Caravana Êxul, uma homenagem ao povo cigano
Revista Mundaréu, 5 de outubro de 2025

O artista mineiro fala sobre seu novo single, um canto de resistência, liberdade e fé, com versos que evocam a Madona protetora e a coragem dos desterrados.
O cantor e compositor Tadeu Franco acaba de lançar seu novo single, Caravana Êxul, criado a partir de uma melodia enviada por Ladston do Nascimento. A letra, escrita por Tadeu, foi inspirada em uma música de Godolfredo Guedes, pai de Beto Guedes. Em entrevista à Revista Mundaréu, o artista fala sobre a origem da canção, suas conexões familiares e o compromisso em valorizar a cultura cigana.
Revista Mundaréu — Como surgiu o nome Caravana Êxul?
Tadeu Franco — Esse nome eu tirei de uma primeira frase da música “Lamento Árabe”, do Godolfredo Guedes, que começa assim: Caravana exul do deserto ao sul, errante, a vagar... Exul quer dizer desterrado, exilado. Quando o Ladston do Nascimento me mandou a melodia, resolvi fazer a letra e usei essa frase como referência para batizar a canção.
Revista Mundaréu — A canção também reflete suas origens familiares, certo?
Tadeu Franco — Sim. Depois que descobri, já mais velho, que tinha bisavós ciganos, fiquei muito tocado por isso. Desde essa época ando até meio chato com esse papo de cigano, botando todo mundo na turma, perguntando sobre origens familiares dos amigos e anotando os sobrenomes ciganos que conheço (risos).
Revista Mundaréu — Você vê Caravana Êxul como uma forma de manifesto cultural?
Tadeu Franco — Com certeza. Ela também é uma luta contra o anticiganismo. Fui até na casa do Tadeu Martins (figura muito ligada à política, à cultura e conhecido contador de histórias) e propus a ele, que sempre quis fundar um partido cujo único propósito seria lutar contra o anticiganismo, acabar com esse preconceito de detonar uma nação inteira.
Revista Mundaréu — Em suas falas, você critica confusões históricas que alimentam preconceitos.
Tadeu Franco — Sim, o povo tem mania de confundir bando com nação. Fazem isso com a Alemanha, confundindo os alemães com os nazistas; com a Palestina, confundindo o povo com os radicais; confundem os sionistas com os judeus e com os israelitas. É preciso parar com isso e combater esse tipo de desinformação.
Revista Mundaréu — Caravana Êxul também traz uma sonoridade marcante. Como foi o processo musical?
Tadeu Franco — Por incrível que pareça, tem uma cigana sérvia tocando violino — mulher bonita e competentíssima. Conheci a Ana Živković num encontro de corais do Lindomar. Quando a vi, pensei: “Ela parece muito cigana.” E a Ana respondeu: “Sim, sou cigana, sou cigana da Sérvia.” Aí tivemos a ideia de chamá-la pra tocar no disco, pra dar aquele toque cigano, aquele charme.
Revista Mundaréu — O que essa faixa representa neste momento da sua trajetória?
Tadeu Franco — É uma mistura de influências que reafirma o respeito às origens e o desejo de combater o preconceito. É isso que mais me move agora.
Revista Mundaréu — Caravana Êxul chega, então, como uma canção de identidade e resistência.
Tadeu Franco — Exatamente. É uma homenagem, mas também um gesto de afirmação. Quero ajudar a mudar a imagem que as pessoas têm dos ciganos. É uma forma de dizer: “Olha, estamos aqui, com arte, com beleza, com música.”
