Tempo Vário traz à tela a Folhinha Mariana, patrimônio que atravessa séculos
Revista Mundaréu, 25 de setembro de 2025

No Museu de Mariana será exibida nesta sexta-feira, 25 de setembro, a pré-estreia do filme Tempo Vário – A história da Folhinha Mariana. O trabalho é fruto de uma realização coletiva que envolveu as equipes do Museu, da Vellozia Filmes e da NITRO Histórias Visuais.
A produção retrata a trajetória da Folhinha Eclesiástica da Arquidiocese de Mariana, popularmente conhecida como Folhinha Mariana. Criada em 1870 por padres católicos, a publicação sucedeu a Folhinha de Rezas do Bispado de Mariana, existente desde 1830. Desde então, mantém edições anuais ininterruptas, alcançando mais de 350 mil exemplares impressos e vendidos a cada edição.
Diferente dos calendários convencionais, a Folhinha reúne informações práticas e espirituais que marcaram muitas gerações de leitores. Entre elas estão o regulamento do tempo e as fases da Lua, as épocas de plantio, a tabela de amanhecer e anoitecer, o calendário litúrgico com o santo de cada dia, além de normas canônicas, orações e até horóscopo. A base de consulta é o Lunário Perpétuo, livro raro de origem espanhola, escrito há 425 anos. Sua versão em português permanece protegida em um cofre e inclui tabelas e mistérios que sustentam o cálculo das previsões.
A relevância cultural da publicação atravessou séculos, a ponto de inspirar o poeta Carlos Drummond de Andrade, que a descreveu como guia capaz de ordenar não apenas o tempo, mas também os destinos:
Quando a folhinha de Mariana
exata informativa santificada
regulava o tempo, as colheitas,
os casamentos e até a hora de morrer,
o mundo era mais inteligível,
emparelhava certa graça ao viver.
Hoje quem é que pode?
A sessão acontece às 19h, no próprio Museu de Mariana, instalado na antiga Casa do Conde Assumar, ao lado da Igreja de São Francisco.


