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Minas e Memória: Trajetória do Festival de Inverno é destaque em coletiva conduzida pelo prefeito de Ouro Preto
Revista Mundaréu, 3 de julho de 2025

FOTO: EMILY SANTOS

Angelo Oswaldo destaca a trajetória do Festival em pronunciamento oficial (Foto: Emily Santos - ASCOM /PMOP)

A história do Festival de Inverno de Ouro Preto é também a história da cultura como instrumento de resistência. Em coletiva de imprensa realizada na quarta-feira, 2 de julho, o prefeito Angelo Oswaldo fez um mergulho no tempo para lembrar as origens e transformações de um dos eventos mais importantes da cena cultural mineira: o Festival de Imverno de Ouro Preto.

Segundo ele, tudo começou em 1955, quando o então governador Juscelino Kubitschek lançou o primeiro Festival de Ouro Preto. Com a sua saída para disputar a Presidência da República, coube ao sucessor Clóvis Salgado realizar o evento, que teve na Casa da Ópera um de seus palcos centrais, após uma rápida restauração. Essa primeira edição deixou marcas profundas na memória de Minas.

Anos depois, em 1966, o governador Israel Pinheiro retomou o festival com uma proposta grandiosa: a encenação da Inconfidência na Praça, com Paulo Autran e Maria Fernanda, interpretando o Romanceiro da Inconfidência em meio a uma estrutura cênica montada na Praça Tiradentes. A repercussão foi tão intensa que, no ano seguinte, nasceu o Festival de Inverno da UFMG, como uma continuidade simbólica daquele grande evento estadual de 1966.

Entre 1967 e 1977, a Universidade Federal de Minas Gerais comandou os festivais em Ouro Preto. Mas os tempos eram duros, o regime militar impôs uma crescente repressão ao evento, tachando-o de subversivo. Camburões do DOPS, revistas policiais e até cães farejadores rondavam a Praça Tiradentes. O ponto mais crítico foi em 1971, com a prisão do grupo Living Theater, de Julian Beck e Judith Malina, que resultou em sua expulsão do Brasil por decreto do general Médici, o que provocou a reação de grandes nomes da cultura internacional, até celebridades como Marlon Brando, Mick Jagger e John Lennon assinaram um manifesto público em defesa do grupo.

Com o desgaste do festival, a UFMG transferiu o evento para Belo Horizonte em 1977. Em resposta, o próprio Angelo Oswaldo, à época secretário de Cultura e Turismo, criou a Semana do Aleijadinho e o Jubileu da Conceição, movimentações locais para manter a chama cultural acesa em julho.

Em 1993, durante seu primeiro mandato como prefeito, Angelo Oswaldo retomou a parceria do município com a UFMG e a UFOP, garantindo o retorno do Festival de Inverno a Ouro Preto. A edição foi aberta por Judith Malina, em um gesto simbólico de reconciliação e homenagem. Mas o ciclo novamente se interrompeu e a UFOP passou a realizar o Inverno Cultural por conta própria. Só em 2005, com a volta de Angelo à Prefeitura, foi firmada a parceria que criou o Festival de Inverno Ouro Preto–Mariana, que se manteve por vários anos.

A universidade realiza atividades nos três campi (Ouro Preto, Mariana e João Monlevade) com oficinas, ateliês, apresentações e ações culturais. A Prefeitura, por sua vez, promove shows, espetáculos, exposições e outros eventos em espaços como o Centro de Artes e Convenções, a Casa da Ópera, o Teatro Ouro Preto, o Museu da Inconfidência, a Casa dos Contos e o Museu Ouro dos Contos. Entre tradição, rupturas e reconexões, o Festival de Inverno segue como um símbolo de permanência cultural. “"Hoje, o festival está em plena retomada, com sintonia total entre a Prefeitura e a UFOP. Ninguém faz nada sozinho, o festival é uma soma de parcerias e contribuições”, diz o prefeito.

E essa soma, neste mês, vai celebrar também a criação da municipalidade de Vila Rica, quando Ouro Preto passou a ser oficialmente um município, em 1711. Grandes nomes do cenário cultural deverão se apresentar na cidade, reconhecida como Patrimônio Mundial da Humanidade. Entre eles: Sérgio Pererê, Carlinhos Brown com a Orquestra Ouro Preto, Turma do Pagode, Capital Inicial, Vanessa da Mata, Mart’nália, Johnny Hooker, Letrux, Jaloo, Sambô e Francisco Gil, além de diversos artistas locais. No sábado, dia 5, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, estará em Ouro Preto para comemorar o aniversário da cidade e visitar o Museu da Inconfidência, que está passando por uma ampla revitalização.

> > > Confira aqui a programação do Festival de Inverno de Ouro Preto, que acontece de 3 a 30 de julho com o tema “Entre Minas e Memória, Ouro Preto vive: uma celebração da cultura popular” < < <

Minas e Memória: Prosear na Casa da Ópera

FOTO: EMILY SANTOS

Flávio Malta: "É preciso testar novos formatos" (Foto: Emily Santos - ASCOM /PMOP)

Durante a coletiva de imprensa do Festival de Inverno de Ouro Preto, o secretário municipal de Cultura e Turismo, Flávio Malta, resgatou reflexões sobre a essência e os desafios de se construir um festival que vai além da festa. Para ele, o “festival” precisa abarcar também conhecimento, memória, formação e diálogo com o território.

Flávio reconhece que os tempos mudaram, mas defende que é preciso testar novos formatos, experimentar e acolher a participação do público "mesmo que ainda não se tenha todas as respostas". E foi com esse espírito que a Prefeitura de Ouro Preto decidiu incluir o PROJETO PROSEAR na programação do Festival de Inverno de Ouro Preto 2025. Trata-se de um debate sobre cultura e artes e os antigos festivais. “Porque o festival não é só festa. É encontro, é aprendizado, é vivência”, destacou o secretário.

Para conversar sobre temas interligados à arte, festivais, Minas e memória, foram convidados Lydia Del Picchia, do Grupo Galpão, e Fernando Castro, diretor do Corpo Escola de Dança. O encontro, mediado pelo escritor Victor Stutz, será na Casa da Ópera – Teatro Municipal de Ouro Preto, no dia 22 de julho, das 18h30 às 20h30. Entrada franca. A produção é da Mundaréu e do Instituto Rococó.

Produção
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Apoio Cultural
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Lydia Del Picchia

GRUPO GALPÃO

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Mineira de Belo Horizonte, Lydia Del Picchia é atriz, bailarina, cantora, coreógrafa, diretora e educadora com mais de quatro décadas de atuação nas artes cênicas e na dança contemporânea. Consolidou sua formação no Transforma Centro de Dança Contemporânea, fundado por sua tia Marilene Martins. Atuou como bailarina, professora, assistente artística e coreógrafa em companhias como o Transforma Grupo de Dança, a Cia de Dança de Minas Gerais e o Grupo 1º Ato, trabalhando com nomes como Angel Vianna, Klauss Vianna, Graciela Figueroa, Sônia Mota e Rodrigo Pederneiras. Estudou no Alvin Ailey American Dance Center e na José Limón Dance School, em Nova York. Desde 1994, Lydia integra o Grupo Galpão, participando de todos os espetáculos do repertório, entre eles Romeu e Julieta, Till – A Saga de um Herói Torto, Partido, Pequenos Milagres, Nós, De Tempo Somos, Outros e Eclipse. Recebeu prêmios e indicações como Melhor Atriz em festivais e premiações nacionais. Também dirigiu e codirigiu espetáculos como In Memoriam, De Tempo Somos, Ensaio de Mentira e Estranha Civilização, além de atuar como diretora-assistente em montagens como A Vida é Sonho, Outros e Auto da Compadecida. É coordenadora pedagógica do Galpão Cine Horto, núcleo de formação, pesquisa e criação do Grupo Galpão, onde desenvolve ações de mediação cultural, educação e orientação artística para jovens artistas em formação.

Fernando Castro

CORPO ESCOLA DE DANÇA

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Fernando Castro é bailarino, educador e um dos fundadores do Grupo Corpo, companhia criada em 1975 e reconhecida internacionalmente pela originalidade de sua linguagem e pela excelência de seus espetáculos. Começou como intérprete nas primeiras montagens da companhia, incluindo Maria Maria (1976), Último Trem (1980) e Prelúdios (1985), peças marcantes que ajudaram a consolidar a estética da companhia. Com o tempo, passou a se dedicar aos bastidores e à formação, colaborando na criação de figurinos, cenografias e processos pedagógicos. Sua atuação detalhista foi essencial para a coerência cênica e estética do grupo.

Fernando é diretor da Escola Corpo de Dança, onde desde a década de 1990 atua na formação de bailarinos com forte base técnica e sensibilidade artística. Sob sua direção, a escola se tornou referência nacional em excelência pedagógica, preparando artistas para atuar em palcos do Brasil e do exterior. É também diretor do grupo Sala B, formado por alunos avançados de diversas partes do País que conta com apoio da Companhia Corpo de Dança.

Fernando Castro segue como um dos principais responsáveis por garantir a vitalidade, o rigor e a inventividade da dança produzida no Grupo Corpo, mantendo vivo o diálogo entre tradição e experimentação.

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