Intervenções visuais em Ouro Preto convidam o público a enxergar a cidade além da rotina
Revista Mundaréu, 27 de julho de 2025

Entre os muitos caminhos abertos pelo Festival de Inverno de Ouro Preto 2025, as intervenções visuais instaladas no centro histórico provocaram o olhar de quem circulou pela cidade nos últimos dias. Frutos da Oficina Acuidade, de intervenção urbana, conduzida pelo artista Rodrigo Câmara, da Casa Câmara, as ações propuseram novas relações com o espaço público por meio de diferentes materiais, objetos, cores, texturas e símbolos instalados em pontos distintos.
Durante os trabalhos, duas obras foram desenvolvidas com técnicas e abordagens específicas. No Chafariz dos Contos, na Praça Reinaldo Alves de Brito, em frente ao antigo Cine Vila Rica, um grande olho derramou lágrimas de vidro sob a inscrição em latim gravada em pedra do Itacolomi: IS QUAE POTATU COLE GENS PLENO ORE SENATUM SECURI UT SITIS NAM FACIT ILLE SITIS (“Povo que vais beber, louva de boca cheia o Senado porque tens sede — e é ele quem a faz nascer e cessar”).
Já no adro da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, uma composição de fios coloridos e elementos urbanos sugeriu outras formas de perceber o lugar que se habita ou visita. No contexto das duas obras, o conceito se transforma em convite à atenção, não apenas com os olhos, mas com a consciência.
Participaram das criações Flávia Alves, Lucão, Damianna Guedes, Pedro Ludwig Alves, o coletivo Canto do Alto, de Ouro Preto, e Mariah Sonella, responsável pelas tramas em crochê.
As obras permaneceram expostas apenas durante o festival, mas deixaram um rastro sensível no cotidiano da cidade. E a provocação lançada pro Rodrigo Câmara permanece sem prazo para terminar: você enxerga a cidade ou apenas passa por ela?


Rodrigo Câmara: